O Dentro do Ringue é um podcast da Vindi (vindi.com.br). Sobre cultura, startups e tecnologia.

Um ensaio de como as empresas de tecnologia conseguem escalar negócios com a mentalidade de crescimento agressivo e porquê não incentivamos a contratação de um growth hacker e sim, uma pessoa que possa criar a cultura hacker em todos departamentos.

Episódio #2 – Sua empresa não precisa de um growth hacker

Host: Rodrigo Dantas, CEO da Vindi

Co-Host: Lidiane Oliveira, copywriter da Vindi

Gabriel Costa – Referência no assunto. Primeiro growth hacker da Resultados Digitais, e atual CMO e sócio da Singu.

Tiago Barra – Cientista de dados na Cappra Institute, foi head de growth e dados da Rappi,  99, Empiricus e ClickBus.

Growth hacker de lâminas

Michael Dubin é um morador de Los Angeles, mais especificamente Venice Beach, uma das praias badaladas dos Estados Unidos. Ator e comediante de profissão, Michael participava em 2010 de um grupo de comédia e fazia bicos em programas de televisão… mas o sonho dele era entrar no Saturday Night Live, o berço da comédia americana.

O sonho de ser uma grande estrela foi interrompido no Natal de 2010, quando ele conheceu um amigo do seu pai, que tinha perdido um contrato de importação e estava com contâiners de lâminas de barbear da Ásia, parados num porão. Eram 250 mil lâminas!!! (Pausa). 

Em Janeiro de 2011 (logo depois do Natal), nascia o Dollar Shave Club, um e-commerce de assinaturas que vendia lâminas de barbear de 1 dólar. A ideia era simples, mas parecia absurda do ponto de vista de mercado: vender lâminas baratas e pela internet. E dar fim naquelas 250 mil lâminas que o amigo do pai do Michael tinha em casa, paradas.  

Quem confiaria em uma lâmina desconhecida e que valia tão pouco? 

Michael começou do seu apartamento, um dos maiores cases de growth hacking da história. Growth hacking é um termo inventado por profissionais de marketing e tecnologia, para ilustrar testes e experimentação para acelerar o crescimento de empresas. Mas o primeiro ano, não foi maravilhoso para esse e-commerce de lâminas que acabava de nascer. Antes de ser “o case” de assinaturas de produtos da história, o DSC patinou até a brilhante ideia do empreendedor fazer um vídeo sátira, para tentar vender o clube com muito humor. Com um investimento de U$4500 dólares (cerca de R$17 mil reais nos dias de hoje), o vídeo intitulado de “Nossa lâminas são do caralho” foi colocado no ar no dia 06 de março de 2012 e explodiu em poucas horas. Nos dois dias seguintes do upload no Youtube, o site tinha atingido 12.000 novos assinantes e aí o que a gente sabe é… história. 

Michael e o time do Dollar Shave não se contentaram a usar técnicas de growth como member get member, vídeos e etc. Três anos depois de explodirem no mercado americano, começaram a usar a estratégia de amostras, nos principais hotéis das principais capitais americanas. A ideia era simples: dar aos hóspedes dos melhores hotéis americanos, um kit com uma lâmina de qualidade para os usuários provarem e se sentirem “tentados” a ir no site e fazer a assinatura.

Em Julho de 2016, o Dollar Shave Club atingiu 3 milhões de assinantes de lâminas e foi vendido por U$1 bilhão para a Unilever. Quem conhece o case do DSC sabe bem que eles executaram em pouco tempo, uma jornada de crescimento do zero aos 3 milhões de assinantes, com a mentalidade de crescimento desde o dia ZERO. 

LINKS IMPORTANTES:

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Cumprir metas sempre é um exercício de gestão. Convidamos o Millor Machado (especialista em cultura de gestão) e o Pablo Silva (estudioso de metodologias ágeis) para um papo sobre metas, métricas e dores de gestão.

Ouça nas plataformas:

Episódio #1 – Metas e métricas

Host: Rodrigo Dantas, CEO da Vindi

Millor Machado – Formado em Engenharia pela Unicamp, Millor é referência em estudos sobre gestão e metas, Millor fundou o Empreendemia (rede social corporativa para PMEs do país), liderou times na Fundação Estudar, HSM até fundar o GPS de Gestão.

Pablo Silva – Formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, Pablo é membro da Agile Alliance. Engenheiro de software de formação, liderou times na Locaweb e hoje é o Head e Produtos da Vindi.

OKR começou com a Intel e com Andy Grove.

Em 1968, dois amigos fundaram a NM Eletronics, na California. A NM tinham esse nome por causa do sobrenome dos fundadores: o físico Robert Noyce e o químico Gordon Moore. Eles trabalhavam juntos na Fairchild Semicondutor e decidiram largar tudo para montar um projeto para desenvolver e fabricar semicondutores. A primeira curiosidade dessa história é que o Moore, da NM, foi o autor da Lei de Moore. Mas não vamo falar sobre essa lei nessa história de hoje. A empresa recém criada pela dupla, encontrou um nome melhor, depois que uma rede hoteleira, a Intelco, liberou o nome para os dois novos empreendedores. Nascia aí a Integrated Eletronics, a Intel.

Embora os fundadores tenham tido uma contribuição grande para a tecnologia, o nome mais emblemático da história da Intel foi András Gróf. Hungaro, e fugitivo da segunda guerra mundial, foi o número 3 e se tornou o diretor de engenharia da empresa (a convite de Moore) e escreveu na história, um dos capítulos mais importantes sobre gestão do mundo. Outra curiosidade: András mudou o nome para Andrew Grove, depois que se situou nos Estados Unidos.  

Andy, como era chamado, é o ponto central dessa pequena história aqui, porque é o provavelmente o “pai da gestão moderna”. Nos bastidores da Intel, algumas pessoas diziam que o Andy era paranóico com métricas e acompanhamento de metas. Essa chamada paranóia, o levou a presidente do grupo. 

Andy lançou dois livros importantes sobre gestão: High Output Management de 1983 que ilustrou pela primeira vez o termo OKRs (objective and key results) e Só os paranóicos sobrevivem, de 1996. As duas principais teses dos livros é que gestão é um exercício de método. E que feedbacks um-a-um (os famosos one-a-one), medir o que realmente importa,  definir padrões para acompanhar métricas e incentivar os resultados por equipes, foram algumas das principais influências que Andy trouxe para uma nova forma de gestão.

OKRs, do inglês objective and key results (objetivos e resultados chave) é uma metodologia para gestão muito usada por empresas de tecnologia no mundo. 

Nos 11 anos em que esteve à frente da presidência da Intel, ele levou a empresa de U$2 bilhões para U$26 bilhões de faturamento. No último dia de empresa, Andy deixou o cargo e a liderança, com a Intel valendo U$198 bilhões de dólares.

O mais legal dessa história é que empresas tentam mudar a cultura de gestão falando de OKRs, de metodologia ágil como se fosse algo novo, inventado pelas empresas da nova geração.  “ah o Google foi de 40 pessoas para 60 mil pessoas usando a metodologia de OKRs”, o Spotify usou o formato de Squads e mudou a forma de desenvolver o software”…

Se datarmos o termo “OKR” com o livro de Andy, temos uma sistema de acompanhamento de métricas de mais de 30 anos, que ainda funciona. Ou que pelo menos deveria funcionar.

Livros do Andy Grove